11 fevereiro, 2010

Translação I: Angústias e palavras sem nenhuma acepção

Eu preciso que o dia amanheça pra que eu possa ver o chão, e também pra que a dor de cabeça diminua com o fim dessa escuridão que passou a noite me encandeando a vista. Mais fatídico é esse silêncio rouco que sai como cuspe de boca sonâmbula e mal dormida e que meus ouvidos fizeram questão de gritá-lo por toda noite. Toco meus braços e é como se pudesse atravessá-los, aflita, abraço meu corpo com urgência procurando a pele que sobra numa vagabunda tentativa de me aquecer do frio que trouxe consigo essa chuva, que começou a cair nesse exato instante.
A chuva tarda o nascer do dia.
Talvez eu deva fechar o olho com força até ver pontinhos coloridos surgirem por todo meu campo de visão. E então eu deva ter esperanças, também, de abrir os olhos novamente e ver que o dia, enfim, possa ter nascido.

2 comentários:

vinculosdetinta disse...

faz tempo que minhas noites viraram dia.
faz tempo que acordo de um porre não tomado e a cabeça latejando intensa.

Daros disse...

wheal! :) gostei