26 outubro, 2009

Estou cega. Não, estou perdida. Perdida e presa. Vulcões movem a terra. Anjos e demônios percorrem a cidade escura, despercebíveis. Ocupando espaços, ocultando as saídas.

Anjos: Aí me lembro de quando eu dormia agarrada com tuas correntes, explicando a ti o mundo que não conhecias. Com toda aquela escuridão a cidade tornava-se apenas palpável. Para quê precisávamos de luz elétrica se tinhamos nossas próprias mãos?
Acho que estava ficando daltônica com toda aquela falta de luz. Não havia mais nada à identificar, nem distinguir.

Demônios: Era como um ensaio sobre a escuridão. Observava as pessoas que desmoronavam seus grandes castelos ao som de músicas fúnebres e é interessante dizer que, depois que os tinham à cacos no chão, resmungavam auto-destruições breves, e imediatamente voltavam a re-construí-los. E assim foram os grandes impérios posteriores.
Embora eu estivesse isento do vício alheio por não conseguir enxergar as mesmas estruturas físicas.

Percebo que agora enxergo, estou dentro de uma caixa escura e vazia com o pouco da lembrança que ainda me resta e perdendo, aos poucos, teus sorrisos e cabelos brancos.

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